Como a crise financeira dos EUA afeta o bolso
Os efeitos da crise financeira também são sentidos pelos consumidores brasileiros. Quem pensa que as conseqüências só se limitam aos investidores está muito enganado. A alta do dólar e a menor oferta de crédito, decorrentes do cenário internacional, afetam o cidadão comum e, principalmente, seu bolso.
Para se ter uma idéia, a recente valorização da moeda norte-americana pode pressionar para cima os custos de produção de fabricantes que utilizam componentes importados. Por isso, o brasileiro passa a pagar mais por itens como eletroeletrônicos. Os produtos vindos de outros países ficam mais caros.
"Por estarmos praticamente abrindo o último trimestre, já estão sendo fechados os contratos de importação dos alimentos, dos presentes natalinos e dos pacotes de viagens internacionais", ressaltou um consultor em finanças, para explicar que, mesmo que o dólar caia, a cotação atual, que está mais alta, será usada para ditar os preços dos importados.
Menos crédito
A crise também deixa os bancos em alerta. Eles deverão aumentar o rigor na concessão de crédito, mesmo com a diminuição do desemprego e o aumento da renda, que indicam que a população está com mais condições de honrar com seus compromissos financeiros. A restrição do crédito se dá por meio de uma análise melhor do cliente.
"Os prazos diminuirão para até 60 meses no máximo, para diminuir o risco de inadimplência", afirma o consultor. Em determinados tipos de empréstimos, os prazos estavam bastante longos, o que fazia com que a parcela coubesse no bolso do consumidor e aumentasse a concessão, como no caso de automóveis que chegaram a mais de 90 meses.
Com uma menor oferta de crédito, o mais comum é que seu valor se eleve. "O custo dos empréstimos deve aumentar porque a tendência é do crescimento da taxa básica de juros para próximo de 15% ao ano.
Na dúvida, o que fazer?
Quem quer comprar importados, por exemplo, ainda encontra produtos que vieram para o País quando o câmbio estava mais favorável. Por isso, pode comprar agora, se tiver o dinheiro disponível para tal.
Em relação às viagens internacionais, de acordo com o planejador financeiro Hugo Azevedo, o comportamento de postergar a compra é arriscado. "Se a pessoa vai para Nova York, ver a neve durante o Natal, tem que fechar já", explicou, completando que o local é bastante demandado e, por isso, os preços sobem. "Quanto mais próximo da viagem, mais caro".
Quanto à compra de dólares para levar ao exterior, o recomendado é que a pessoa adquira aos poucos. "Compra 20% esta semana, daqui a uma semana ou 10 dias, compra mais 10% e assim vai, até comprar tudo".
No caso do crédito, a dica é "buscar financiamentos com taxas máximas próximas a 2% ao mês".
Para os investidores
Conforme explicado, em períodos de crise, o mais indicado para quem investe em ações é não desistir de tudo, ou sair da Bolsa de Valores, para não concretizar o prejuízo.
Agora, se você possui um perfil mais conservador, é melhor aplicar na renda fixa pós-fixada (CDBs, fundos DI e Tesouro Direto), porque é um "porto seguro para as nuvens cinzas da crise", nas palavras do consultor.