segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Como a crise financeira dos EUA afeta o bolso

Os efeitos da crise financeira também são sentidos pelos consumidores brasileiros. Quem pensa que as conseqüências só se limitam aos investidores está muito enganado. A alta do dólar e a menor oferta de crédito, decorrentes do cenário internacional, afetam o cidadão comum e, principalmente, seu bolso.

Para se ter uma idéia, a recente valorização da moeda norte-americana pode pressionar para cima os custos de produção de fabricantes que utilizam componentes importados. Por isso, o brasileiro passa a pagar mais por itens como eletroeletrônicos. Os produtos vindos de outros países ficam mais caros.

"Por estarmos praticamente abrindo o último trimestre, já estão sendo fechados os contratos de importação dos alimentos, dos presentes natalinos e dos pacotes de viagens internacionais", ressaltou um consultor em finanças, para explicar que, mesmo que o dólar caia, a cotação atual, que está mais alta, será usada para ditar os preços dos importados.

Menos crédito

A crise também deixa os bancos em alerta. Eles deverão aumentar o rigor na concessão de crédito, mesmo com a diminuição do desemprego e o aumento da renda, que indicam que a população está com mais condições de honrar com seus compromissos financeiros. A restrição do crédito se dá por meio de uma análise melhor do cliente.

"Os prazos diminuirão para até 60 meses no máximo, para diminuir o risco de inadimplência", afirma o consultor. Em determinados tipos de empréstimos, os prazos estavam bastante longos, o que fazia com que a parcela coubesse no bolso do consumidor e aumentasse a concessão, como no caso de automóveis que chegaram a mais de 90 meses.

Com uma menor oferta de crédito, o mais comum é que seu valor se eleve. "O custo dos empréstimos deve aumentar porque a tendência é do crescimento da taxa básica de juros para próximo de 15% ao ano.

Na dúvida, o que fazer?

Quem quer comprar importados, por exemplo, ainda encontra produtos que vieram para o País quando o câmbio estava mais favorável. Por isso, pode comprar agora, se tiver o dinheiro disponível para tal.

Em relação às viagens internacionais, de acordo com o planejador financeiro Hugo Azevedo, o comportamento de postergar a compra é arriscado. "Se a pessoa vai para Nova York, ver a neve durante o Natal, tem que fechar já", explicou, completando que o local é bastante demandado e, por isso, os preços sobem. "Quanto mais próximo da viagem, mais caro".

Quanto à compra de dólares para levar ao exterior, o recomendado é que a pessoa adquira aos poucos. "Compra 20% esta semana, daqui a uma semana ou 10 dias, compra mais 10% e assim vai, até comprar tudo".

No caso do crédito, a dica é "buscar financiamentos com taxas máximas próximas a 2% ao mês".

Para os investidores

Conforme explicado, em períodos de crise, o mais indicado para quem investe em ações é não desistir de tudo, ou sair da Bolsa de Valores, para não concretizar o prejuízo.

Agora, se você possui um perfil mais conservador, é melhor aplicar na renda fixa pós-fixada (CDBs, fundos DI e Tesouro Direto), porque é um "porto seguro para as nuvens cinzas da crise", nas palavras do consultor.

PARA ENTENDER A CRISE DA ECONOMIA AMERICANA

Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares financiado em 30 anos. Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1 milhão de dólares. Aí, um banco perguntou pro Paul se ele não queria um empréstimo, algo como 800.000 dólares, dando seu

apartamento como garantia. Ele aceitou, fez uma nova hipoteca e pegou os 800.000 dólares.

Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de valorizar, comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como
400.000 dólares. A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do banco, ele se comprometeu: comprou carro novo (alemão) para ele, deu um
carro (japonês) para cada filho e com o resto do dinheiro comprou TV de plasma de 63 polegadas, 43 notebooks, 1634 cuecas. Tudo financiado,
tudo a crédito. A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão de crédito!

Em agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis iriam cair. As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em
construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez...

O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar outras casas e revender com lucro. Fácil....parecia fácil. Só que todo mundo teve a mesma idéia ao mesmo tempo. As taxas que o Paul pagava começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu investimento em imóveis se transformara num desastre.

Milhões tiveram a mesma idéia do Paul. Tinha casa pra vender como nunca.

Paul foi agüentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3 casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender,
mais as prestações dos carros, das cuecas, dos notebooks, da TV de plasma e do cartão de crédito.

Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que pagar uma grande parcela. Só que neste momento Paul achava que já teria revendido as 3 casas mas, ou não havia compradores ou os que havia só pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago. Paul se danou.
Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa onde ele morava e das 3 casas que ele havia comprado como investimento. Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a Paul.

Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os bancos que não quiseram acordo. Paul entregou aos bancos as 3 casas que comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido. Paul quebrou. Ele e sua família pararam de consumir...

Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam transformado os empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis. Esses títulos passaram a ser negociados com valor de face. Com a inadimplência dos Pauls esses títulos começaram a valer pó.
Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos,
mas também em bancos europeus e asiáticos.

Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... Preço que
despencou. Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em 500.000 dólares e de repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo pelos 300.000 não havia compradores.

Os preços dos imóveis eram uma 'bolha', um ciclo que não se sustentava, como os esquemas de pirâmide, especulação pura. A inadimplência dos
milhões de Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam centenas de bilhões de dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba.
E acabou... Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar por medo de não receber. Os Pauls pararam de consumir
porque não tinham crédito. Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado.

O medo de perder o emprego fez a economia travar.
Recessão é sentimento, é medo.
Mesmo quem pode, pára de consumir.

O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de juros e as taxas de empréstimo interbancários. O FED também
começou a injetar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez. O governo Bush lançou um plano de ajuda à economia sob forma de
devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o consumo porém, essas medidas levam meses para surtir efeitos práticos.
Essas medidas foram correctas e, até agora, não é possível afirmar que os EUA estavam tecnicamente em recessão.

O FED trabalhava. O mercado ficava atento e as famílias esperançosas. Até que na semana passada o impensável aconteceu. O pior pesadelo
para uma economia aconteceu: a crise bancária, correntistas correndo para sacar suas economias, boataria geral, pânico. Um dos grandes bancos da América, o Bear Stearns, amanheceu, na segunda feira última, quebrado, insolvente.

No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo JP Morgan Chase, para que o banco não falisse. Depois disso o
Bear foi vendido para o JP Morgan por 2 dólares por ação. Há um ano elas valiam 160 dólares. Durante esta semana, dezenas de boatos voltaram
a acontecer sobre falência de bancos. A bola desta vez seria o Lehman Brothers, um bancão. O mercado e as pessoas seguem sem saber o que nos espera na próxima segunda-feira.

O que começou com o Paul, hoje afeta o mundo inteiro. A coisa pode estar apenas começando. Só o tempo dirá. Entretanto, o Lehman Brothers
pediu falencia, desempregando mais de 26 mil pessoas e provocando uma queda de mais de 500 (quinhentos) pontos no Indice Dow Jones, que
mede o valor ponderado das ações das 30 maiores empresas negociadas na Bolsa de Valores de New York - a maior queda em um unico dia,
desde a quebra de 1929 ...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Veja o que levar em conta na compra de um computador

Treze milhões. Esse deve ser o número total de computadores vendidos no Brasil até o final do ano, segundo a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).

Com facilidades de pagamento e preços cada vez mais convidativos, é difícil resistir às ofertas de notebooks e desktops que se multiplicam em anúncios.

Em primeiro lugar, porém, o consumidor deve levar em conta suas necessidades. Quem pretende rodar jogos modernos vai precisar de uma boa placa de vídeo, um processador potente e bastante memória.

Já quem irá se dedicar somente a tarefas leves, como navegar na internet e escrever textos, não precisa de uma configuração tão robusta. Mas isso não quer dizer que qualquer PC sirva --ainda se vendem micros com processadores lentos, discos rígidos de pouca capacidade e memória RAM insuficiente, entre outras características indesejáveis.

Por isso, é bom ficar atento na hora da compra para não ter decepções com a performance do micro nem precisar fazer um upgrade (atualização de componentes) tão cedo.

Atente-se às características do processador. Prefira computadores com chip de núcleo múltiplo, como Athlon 64 X2, da AMD, e Core 2 Duo e Pentium Dual-Core, da Intel. "A tendência é que haja cada vez mais programas que fazem uso dos dois núcleos.

De memória RAM, o ideal é ter pelo menos 1 Gbyte. Um valor confortável para usar o exigente Windows Vista, sistema operacional mais recente da Microsoft, é 2 Gbytes, quantidade que propicia um bom ganho de performance.

Fique atento ao tamanho do disco rígido, principalmente se você pretende guardar muitos arquivos, como fotos, músicas e vídeos. Um bom valor para começar é 160 Gbytes. Mas já é possível encontrar micros com 250 e até 500 Gbytes a R$ 1.500, aproximadamente.

Embora isso seja cada vez mais raro, ainda há PCs à venda com leitor óptico que lê DVD, mas grava apenas CD. Evite-os --um CD gravável suporta apenas 700 Mbytes de dados, ante 4,7 Gbytes de um DVD.

Gamers precisarão de uma placa de vídeo com pelo menos 256 Mbytes de memória. Placas de vídeo separadas da placa-mãe (off-board) costumam ter melhor performance, mas, segundo Vasconcelos, algumas incluídas atualmente na placa-mãe (on-board) também podem satisfazer. "Vídeo on-board de bom desempenho são da Nvidia, da Intel e da AMD. Dá até para rodar jogos 3D razoavelmente, desde que não sejam muito pesados", afirma.

Diferenciais

Observe também os extras que o micro oferece. Leitores de cartões de memória e portas USB frontais (em desktops) são bons diferenciais. Se o lugar onde você mora ainda não tem acesso a banda larga, certifique-se de que o micro que você comprará tem modem para conexão discada.

Fonte: Folha OnLIne Informática